Novo musical mostra os bastidores do fenômeno K-pop
O K-pop – gênero musical sul-coreano famoso pela diversidade sonora, performances conceituais e grupos que dominam as paradas de sucesso – invadiu quase todos os cantos do mundo e, agora, pode ser visto em um palco totalmente novo.
No início deste mês, o musical KPOP estreou na Broadway, em Nova York, oferecendo um olhar profundo sobre o fenômeno e com a presença de uma estrela real do estilo no papel principal.
Em sua primeira passagem por Nova York, em 2017, KPOP era uma experiência teatral intimista e imersiva com foco na seguinte questão: por que o K-pop ainda não conquistou os EUA? Na época, o BTS estava começando a ganhar fama entre o público norte-americano. Hoje, eles conquistaram o país – e muitos outros – e o foco do musical mudou adequadamente. Desta vez, a plateia, que vai assistir sentada, com certeza será composta por muito mais fãs.
“O tema central é a jornada emocional vivida por uma estrela do K-pop”, explica a compositora Helen Park, que coescreveu as músicas da peça.
KPOP se passa durante a gravação de um show, de apenas uma noite, depois que uma estrela fictícia – interpretada por Luna, que começou sua carreira no grupo feminino f(x) – sai do palco. O cocriador Jason Kim diz que queria fazer um musical no estilo bastidores, como Gypsy. O conceito de identidade e ambição é o foco de KPOP, mas a peça também mostra a alegria e a energia por trás de um show, que oferece a uma boy band, um girl group e a personagem de Luna a chance de brilhar.
Helen queria que as músicas fossem uma homenagem ao K-pop, e isso exigiu muita pesquisa sobre o gênero, com letras em coreano e inglês. O musical fala sobre emoções humanas universais, mas também aborda as exigências específicas do estrelato, como ensaios intensos e a pressão sofrida pelos artistas do gênero. “Não temos como representar toda a indústria. O melhor que podemos fazer é contar a história mais específica possível”, explica Jason. “Nosso objetivo não é expor a indústria musical, mas investigar a psicologia de um artista de fama internacional que navega nesse sistema gigantesco.”
Jason, que também é uma estrela do K-pop, diz que Luna “não precisou assimilar praticamente nada porque já é essa pessoa. Isso oferece uma camada de veracidade surpreendente à performance.”
“Agora que o K-pop é amado no mundo todo, é uma honra estar na Broadway como atriz e cantora do gênero”, acrescenta Luna. “Trabalhar neste musical abriu várias possibilidades de como quero me desenvolver como cantora.”
O “show exuberante e comemorativo”, como Jason descreve, também é um marco importante para uma maior representação de histórias e storytellers asiáticos nos EUA. “Estamos mudando a cara da Broadway e tentando construir algo que não existia antes. Isso exige muito trabalho e foco no K-pop, mas também em aprender como contar uma história na Broadway”, diz Helen.
Jason ainda se lembra de uma jovem asiática assistindo, admirada, à primeira versão da peça há cinco anos: “KPOP foi feito para todos, mas principalmente para pessoas como ela. É nela que eu penso. Ela é minha estrela-guia”.
Jessica Derschowitz é escritora e editora de entretenimento e mora em Nova York. Seu trabalho já foi publicado na Entertainment Weekly, Vanity Fair, Variety, Bustle e muito mais