Minha cidade: Dacar, por Sarah Diouf
Nesta nova série, formadores de opinião do mundo todo oferecem um olhar privilegiado sobre o que fazer, aonde ir e o que ver nas suas cidades. Aqui, a designer e fundadora da marca de moda Tongoro celebra a capital senegalesa
“Sabe aquela sensação de pertencer a um determinado lugar?” Sarah Diouf fala sobre sua cidade, Dacar. As sementes do seu amor foram plantadas na infância. Ela nasceu em Paris e passou seus primeiros anos na Costa do Marfim; no entanto, seus pais são descendentes de senegaleses. “Vinha aqui com eles para visitar, mas nunca fiquei muito tempo”, explica Sarah. Em 2001, ela deixou a Costa do Marfim para retornar a Paris, onde estudou e depois trabalhou como estilista e editora de moda. “Uma das minhas melhores amigas, que conheci na escola de administração em Paris, é totalmente senegalesa. Em 2013, ela voltou para casa e fui visitá-la. Foi a primeira vez que não visitei o país como turista. Foram as três semanas mais incríveis da minha vida.” Sua própria mudança para Dacar aconteceu um ano depois, mas essa experiência foi a inspiração para sua marca, a Tongoro.
“A percepção global dos produtos africanos é ruim há tempos. Queria ajudar a mudar isso. Então, ainda em Paris, comecei a brincar com tecidos e encontrei alfaiates de Dacar para fazer minhas roupas.” Durante a Paris Fashion Week, seus looks foram notados por fotógrafos de street style, editores e amigos, “além de amigos de amigos de amigos”, lembra rindo. Depois de muitas encomendas informais, a Tongoro foi lançada oficialmente em 2016. Da obtenção dos materiais até a criação das peças, tudo acontece na cidade senegalesa. Desde então, a Tongoro foi descoberta e usada por vários nomes importantes, como Beyoncé, Alicia Keys e Burna Boy.
A cidade também teve seu momento de fama recentemente. Grandes nomes da moda e celebridades passaram por Dacar para um desfile concorrido da Chanel. Mas o amor sem fim de Sarah por sua cidade é muito mais profundo do que o hype atual. “Dacar é um lugar incrível. Todos nós chegamos a um estágio em que buscamos experiências pacíficas, mentalmente, fisicamente e espiritualmente. Dacar é esse lugar para mim. É calma, ensolarada na maior parte do tempo e cercada pelo mar. A maioria da população é muçulmana, mas todos convivem pacificamente. Todos comemoram a Páscoa e todos comemoram o Eid. Acho isso maravilhoso.”
Apesar de ter crescido em outro país africano, ela não trocaria o Senegal por nada. “Meu sobrenome é Diouf (bastante comum no país), e olhe para mim”, diz ela rindo, “pareço uma senegalesa. Além disso, para ter filhos preciso ter a posse total da minha herança cultural. E acrescenta com firmeza: “A Costa do Marfim pode ser meu país natal, mas eu pertenço a Dacar.”
Recomendações de Sarah Diouf para o Dacar…
- Adoro o trabalho do pintor e escultor Alioune Diouf. Você pode ver o trabalho dele na galeria Selebe Yoon. É um dos meus lugares favoritos para arte.
- O Seku Bi é um prédio antigo que foi transformado em um hotel boutique com vista para o mar – e a comida é incrível.
- Copacabana Surf Village é onde vou surfar, comer e relaxar. A praia é ótima e tem uma vibração muito boa.
- Experimente o Thieboudienne, prato nacional preparado com peixe, arroz e molho de tomate. O melhor lugar para isso é um restaurante discreto no centro da cidade chamado Chez Loutcha. É imbatível.
- Você não pode ir embora sem visitar os mercados. O Sandaga é bem conhecido. Aqui você pode pegar tecidos e levar a um alfaiate, que fará algo tradicional e bem barato. As joalherias também são incríveis e baratas, e podem fazer algo especificamente para você usar por toda eternidade.