Meu estilo de trabalho... Luke Edward Hall

Na segunda parte da nossa série que explora as coisas, os lugares e as pessoas que inspiram o trabalho de profissionais criativos, a jornalista Marie-Claire Chappet falou com este adorado designer de interiores britânico sobre tudo: de dicas de carreira a contas inspiradoras do Instagram

Nos últimos sete anos, Luke Edward Hall virou sinônimo de decorações elegantes. Sua assinatura – um cruzamento entre um filme de Wes Anderson e um sonho delirante do Grupo de Bloomsbury – pode ser vista em suas obras (ele expõe pinturas e desenhos internacionalmente na galeria The Breeder, em Atenas) e na sua própria marca de design de interiores Chateau Orlando, lançada este ano. Desde que se formou na Central Saint Martins em 2012, Luke injetou um senso de criatividade sem limites nos mundos da moda, da arte e do design, trabalhando com marcas e instituições como Burberry, Lanvin, Royal Academy of Arts e V&A. 

Em 2019, publicou seu primeiro livro – Greco Disco: The Art & Design Of Luke Edward Hall – e, em 2020, finalizou seu primeiro grande projeto em Paris, o Hôtel Les Deux Gares. O resultado é um ousado e colorido hotel-bistrô com 38 quartos cheio de listras, esboços, peculiaridades e delícias. Agora, Luke também é colunista do The Financial Times e está trabalhando no seu segundo livro com a Chateau Orlando.

Ele falou com a Service95 sobre suas inspirações criativas e rotinas de trabalho… 

Trilha sonora para trabalhar… A música pode me ajudar a entrar em uma espécie de transe, o que é benéfico quando estou pintando e desenhando. Gosto de música pop experimental e futurista e sou um grande fã de produtores como AG Cook. Mas às vezes eu só quero ouvir seis horas seguidas de música ambiente dos filmes com Hobbits. Ou Enya!

Seu processo… Começo a trabalhar desde a hora em que acordo, mas faço pausas ao longo do dia para tomar um banho demorado, fazer o almoço e passear com meu whippet, Merlin. Trabalho no meu estúdio, que fica em uma fazenda a cerca de 10 minutos de onde moro, na fronteira entre Oxfordshire e Gloucestershire, e não tenho nenhum vizinho próximo além das vacas. Não estabeleço regras, mas tento não usar meu telefone depois das 21h. Gosto de passar mais ou menos uma hora lendo antes de dormir e encher minha cabeça de ideias antes de cair no sono.

Inspirações… A Mão de Deus é um filme que realmente me marcou. É muito comovente. Percorro a internet em busca de inspiração diária – adoro as contas @weird_walk, @bibleofbritishtaste, @a.prin.art, @florence.knight e @larry_stanton_art – e me inspiro muito em outros artistas e profissionais criativos, como os escritores do Grupo de Bloomsbury, Jean Cocteau, Christopher Wood, Picasso, Cecil Beaton, Oliver Messel, Stephen Tennant, Elsa Schiaparelli e Denton Welch. 

Bens valiosos… Meu estúdio é repleto de quinquilharias diversas que eu amo, mas acho que sou mais apegado à minha coleção de livros e revistas raros. Amo minhas edições antigas de L’Uomo Vogue e Casa Vogue. Também tenho um desenho grande do Duncan Grant pelo qual sou obcecado. É uma imagem de Paul Roche parado em uma clareira na floresta. Ele parece estar desenvolvendo chifres de diabo. É uma obra linda e delicada. 

Moda e beleza… Gosto das roupas da Old Town e dos suéteres velhos e camisas de algodão tingidas à mão que compro em uma loja de fazenda perto de Cirencester. Compro muita roupa vintage para usar e fazer pesquisas para minha marca, a Chateau Orlando: coletes, malhas de lã, ternos... Para mim, roupas são uma forma de expressão, assim como decorar um ambiente é um jeito de projetar uma ideia. Também gosto de mudar de perfume. No momento, estou usando Jardin de L’Orangerie, da Dries Van Noten, que vem em um frasco sublime de vidro amarelo-ácido e violeta.

Viagens… Adoro a Itália pela arquitetura, pessoas, comida e história, e a Grécia pelos mitos e lendas antigas. Mas também gosto muito de me inspirar na paisagem e no folclore do Reino Unido, principalmente do sudoeste da Inglaterra, de onde vem a família da minha mãe. 

Sua carreira… O melhor conselho que já recebi foi: “Coloque seus antolhos, como um cavalo” [para se concentrar apenas no que está fazendo], que eu adoro! Estou muito feliz com minha ocupação, mas se não fizesse o que faço, acho que trabalharia com comida de alguma forma. Adoro a ideia de escrever sobre comida.

Marie-Claire Chappet é jornalista de arte e cultura, editora colaboradora da Harper’s Bazaar e mora em Londres