Meu estilo de trabalho... Angela Santana
Na nossa série que explora as coisas, os lugares e as pessoas que inspiram o trabalho de profissionais criativos, a jornalista Marie-Claire Chappet falou com esta artista contemporânea sobre tudo: do espaço de trabalho ao processo criativo
A artista suíça Angela Santana está tentando transformar como vemos a forma feminina na arte. Após treinar em Zurique, onde nasceu, ela mudou-se para Nova York e expôs amplamente tanto na cidade como na Europa. Os últimos sete anos foram dedicados a uma grande série sobre corpos femininos, a espinha dorsal da sua primeira grande exposição individual, que esteve em cartaz na galeria Saatchi Yates durante o verão londrino passado.
Angela vai exibir interpretações em larga escala de mulheres retratadas a partir de imagens pixeladas, frequentemente encontradas em sites ilícitos. Por meio de uma mistura inteligente de imagens digitais e pintura a óleo, a artista distorceu a forma feminina para desafiar o olhar masculino que domina o mundo da arte há tanto tempo.
Ela conversou com a Service95 sobre seu processo e suas inspirações criativas.
![Portrait of artist Angela Santana in studio](https://staging.service95.com/wp-content/uploads/2023/03/Angela-Santana-2.jpg)
A importância do espaço… Meu estúdio fica no último andar de um belo depósito no Brooklyn. Também faço gravuras e experimentos em um estúdio de impressão próximo. Todas as minhas pinturas começam com a arte digital – passo um tempão pintando digitalmente em centenas de camadas para criar composições complexas. Estou pensando em construir um estúdio de jardim. Imagine pintar rodeada pela natureza! Deve ser fascinante e inspirador, e lembra minha infância. Comecei a pintar em grandes rolos de papel no jardim assim que consegui segurar um pincel.
![Painting titled Spearmint Success, by Angela Santana](https://staging.service95.com/wp-content/uploads/2023/03/Angela-Santana-3b-copy.jpg)
Música… Tenho uma coleção de discos muito eclética, que inclui compositores eletrônicos contemporâneos, rock e pop dos anos 60-90 e discos shoegaze, psicodélicos e africanos dos anos 70. Também amo a Motown. Sou muito inspirada pela música. Muitas vezes me concentro na composição, separando as camadas de som na minha mente, imaginando os blocos que criam uma musicalidade específica e me inspirando pela narração ou elegância da história que pode ser contada na música, assim como na poesia. Sempre fico surpresa com a liberdade e a experimentação que envolvem a criação e a gravação de uma música.
![Images of two dresses by Mara Hoffman](https://staging.service95.com/wp-content/uploads/2023/03/Angela-Santana-4.jpg)
Vestindo o personagem… Quando eu pinto, é libertador usar macacões para me concentrar no trabalho e me esquecer de tudo que não seja essencial. Não quero que a roupa me prenda, quero me sentir livre. Para inaugurações, adoro vestidos com formas esculturais e detalhes texturizados. Adoro usar roupas sustentáveis que duram para sempre, como as da Rachel Comey e da Mara Hoffman, não só pelo design, mas pelo que representam, pela mensagem impactante. Além das formas especiais e dos materiais impecáveis, adoro me sentir como eu mesma, e há muitas versões de mim que gosto de celebrar.
![Collage image of Awaji by Astier de Villatte Incense and Babylonstoren Orange Blossom scent](https://staging.service95.com/wp-content/uploads/2023/03/Angela-Santana-5-copy.jpg)
Perfumes preferidos… Gosto de usar óleos essenciais, como os da Babylonstoren ou fragrâncias da Bottega Veneta, da Guerlain e da Hermès. Também tenho uma queda por incensos. O Awaji Incense da Astier de Villatte é o meu favorito. Um amigo também me trouxe incensos de um mosteiro japonês há alguns anos, que me ajudam a me concentrar e entrar no fluxo do trabalho.
![Image of Loch and castle in Scotland](https://staging.service95.com/wp-content/uploads/2023/03/Angela-Santana-8a.jpg)
Viagens… Paisagens são muito inspiradoras para mim. Seja o belo sopé do Himalaia (que, por incrível que pareça, me lembra a Suíça, onde cresci) ou as colinas verdejantes e cobertas de musgo na Escócia. Também contaria a região do Cabo, na África do Sul, como um dos lugares mais incríveis. E, claro, a Itália e a Grécia com todo o seu esplendor e história da arte.
![Image of film poster for Los Alegres Picaros by Mario Monicelli; portrait of Luchino Visconti](https://staging.service95.com/wp-content/uploads/2023/03/Angela-Santana-6c-copy.jpg)
A busca da inspiração… Eu me inspiro muito em outras formas de arte, como filmes e TV. Sisters With Transistors,de Lisa Rovner, mostra o universo das pioneiras da música eletrônica, cujos experimentos radicais no século 20 redefiniram os limites da música. Também adoro o filme Boccaccio ’70, uma obra-prima da sátira. É baseado nas novelas de Giovanni Boccaccio escritas no século 14, e os diretores Fellini, De Sica, Monicelli e Visconti reimaginam o tema na Itália na década de 1960.
![Painting by Willem De Kooning](https://staging.service95.com/wp-content/uploads/2023/03/Angela-Santana-7.-copy.jpg)
Arte… como artista, claro que me inspiro em outros artistas. Meus preferidos são Willem De Kooning e Cecily Brown, por suas pinceladas indomáveis e a união de figuração e abstração. Também adoro Louise Bourgeois, Miriam Cahn, Meret Oppenheim, Lynette Yiadom-Boakye, Francis Bacon, Marlene Dumas e Tschabalala Self.
Hábitos digitais… Minhas contas preferidas do Instagram são @Heba_Kadry, @Williamcult e @Republicofnowhere. No telefone, uso o Bloom, do Brian Eno, o app de cores Pantone, o BBC Sounds e qualquer aplicativo de direções que me guie pela cidade. Mas tento passar o mínimo de tempo possível no celular!
Marie-Claire Chappet é jornalista de arte e cultura, editora colaboradora da Harper’s Bazaar e mora em Londres