A garota final: manual explicativo

A “garota final”, termo cunhado pela acadêmica Carol J Clover em seu livro de não ficção de 1992 Men, Women And Chain Saws, refere-se à última mulher sobrevivente em um filme; aquela que escapa ou alcança o assassino, e que é a narradora da história. O livro ofereceu novas perspectivas sobre a representação feminina em filmes de terror e suspense, centrando argumentos em torno do conceito de garota final.

Carol argumentava que a garota final estava virando um ícone feminista ao lutar contra a malevolência patriarcal – uma evolução merecida da mulher passiva e frágil que inundou as tramas do cinema por anos. Hoje, o termo “garota final” faz parte da cultura cinematográfica moderna, e as redes sociais estão repleta de gente listando suas garotas finais favoritas. The Final Girl Support Group, romance de 2021 escrito por Grady Hendrix que retrata uma gangue de garotas finais contra um ataque do mal, está no topo das listas de best-sellers no mundo todo, e a plataforma de TV americana HBO acaba de anunciar a adaptação do livro. 

“A garota final é uma sobrevivente. Literalmente”, explica Anna Bogutskaya, escritora, curadora de filmes e coprodutora do podcast The Final Girls. “Ela é a pessoa com quem mais simpatizamos, independentemente do nosso gênero: Neve Campbell em Pânico, Heather Langenkamp em A Hora do Pesadelo e Sigourney Weaver em Alien se tornaram os rostos das franquias de terror”, diz Anna. “Felizmente, também é um conceito flexível, já que historicamente estávamos limitados a mulheres brancas e magras. Lupita Nyong’o em Nós, Sasheer Zamata em Spree, Georgina Campbell em Noites Brutais e Keke Palmer em Não! Não Olhe! são algumas das novas garotas finais que romperam esse molde tradicional e limitante.”

Simon Coates é artista, escritor e curador, e mora em Londres